O Acidente
Tradução: Shuichi || Revisão: –
Depois de fugir, ele se escondeu no telhado de um prédio próximo, tremendo sem motivo, enquanto relembrava a recente tragédia da oficina.
Foi como se acontecesse bem diante de seus olhos.
A poça de sangue e os olhos assustados surgindo, junto com os gritos…
Mo Xiaofei cobriu a testa com a mão, tentando acalmar seu humor inquieto e se convencer.
— Foi culpa sua… tudo culpa sua… Por que você resistiu… tudo porque você não mudou… Isso é tudo culpa sua…
Depois de um certo tempo, Mo Xiaofei sentiu que sua cabeça não estava tão dolorida quanto antes. Por isso ele se levantou e respirou fundo, flutuando por entre os prédios mais uma vez e noite afora.
Ele retornou àquele beco.
O dono já havia chamado a polícia e a ambulância. A equipe médica carregava macas e colocaram o homem na ambulância enquanto alguns observadores se reuniam no local.
— Para ser honesto, policial, eu realmente não sei o que aconteceu! Quando eu cheguei perto, esse cara já estava deitado no chão e todo coberto de sangue! Eu sou a vítima e muitos podem testemunhar. Você pode perguntar para os vendedores de rua!
No momento, Mo Xiaofei é um dos espectadores.
Eles estavam conversando.
— Que terrível. Um pedaço enorme de vidro entrou no corpo dele e tinha sangue em todo o chão!
— Um pecador violentará a sua própria alma… ?
Mo Xiaofei não continuou olhando.
‘Um pecador violentará a sua própria alma… Não, a culpa é sua.’
Mo Xiaofei estava de péssimo humor esta noite. Depois de levar para a fábrica abandonada as pessoas que ele tinha capturado, ele não prestou mais atenção à eles. Em vez disso, ele simplesmente correu para casa.
‘Sim, é tudo culpa sua.’
…
Como sempre, Mo Xiaofei se trocou e escondeu o equipamento, depois voou para a janela colado na parede.
Não era alto, era só o terceiro andar… Mas a janela fora aberta, o que fez Mo Xiaofei ficar boquiaberto. Ele se lembra de ter fechado a janela antes de ter saído de casa.
Mo Xiaofei fez uma careta, atravessou a janela e separando a cortina, depois pousou no chão. No segundo seguinte, precisamente quando ele ia acender o abajur, a lâmpada incandescente se acendeu. Mo Xiaofei tomou um susto. O pai dele, Mo Hongqi, já estava no quarto.
Ele acendeu a lâmpada… Então apenas o viu “escalar” até a janela. Por causa da cortina, talvez ele não ter visto ele “voando”.
Mesmo assim, essa situação deu a Mo Xiaofei uma sensação diferente de ansiedade… Ele não sabia como explicar isso ao pai.
Ele involuntariamente escondeu sua mochila de ferramentas atrás dele.
— Pai, eu…
— Está com fome? Já está tarde. — Disse Mo Hongqi. — Eu fiz um pouco de comida, vamos comer juntos.
Mo Xiaofei assentiu sem pensar.
A luz ainda estava acesa na sala em que seu pai trabalhava, talvez por conta da pressa de talhar os produtos dos clientes. O pai e o filho se sentaram à mesa. Por causa da inconveniência de seu pai, a comida era bem simples; macarrão ao molho misturada à um pouco de cebola verde picada .
— Você não fechou a janela e um gato de rua entrou e correndo de algum lugar. — Mo Hongqi comia o macarrão enquanto sussurrava. — Eu te chamei várias vezes, mas você não respondeu.
— Aquele gato… — Mo Xiaofei abaixou a cabeça ao falar.
— Talvez ele estivesse assustado quando entrou, mas então ele pulou para fora de novo. — Mo Hongqi olhou para Mo Xiaofei e deu um sorriso suave.
Por causa da leve severidade emitida por seu pai, Mo Xiaofei não ousou olhar diretamente para ele.
— Pai, eu… — Disse ele desconfortavelmente. — Eu estou bem, não fiz nada.
Seu tom refletia uma falta de persuasão… Na verdade, Mo Xiaofei não sabia como confessar ao pai.
— Coma logo, depois lave e durma. Mas não acorde sua mãe. — Mo Hongqi falou levemente. — Ou você não terá energia para a escola amanhã.
Por algum motivo, o nariz de Mo Xiaofei se contraiu e as palavras deslizaram por sua língua.
— Pai, hoje à noite eu…
Inesperadamente, seu pai apenas balançou a cabeça e falou: — Seu professor ligou e disse que ultimamente não tem sido seguro e que os pais devem cuidar de seus filhos. Eu acho que é por causa do assassinato de alguns estudantes dois dias atrás. Provavelmente estudantes da sua escola.
O pai olhou para o filho, vendo que estava evitando o contato visual com ele.
— Você é uma criança inteligente desde jovem. Se tiver alguma coisa acontecendo, você pode falar comigo e com a sua mãe. Só porque é homem não significa que deva cuidar dos problemas sozinho. Não importa o que você faça, fique seguro.
— Eu… Eu não vou mais sair sem falar nada. — Mo Xiaofei olhou para baixo.
— Coma. — Mo Hongqi falou com uma voz suave.
Mo Xiaofei assentiu e limpou tudo antes de voltar para o quarto. Ele se deitou na cama, mas não conseguiu dormir.
…
Miau~
Mesmo ele não sendo fã de gatos, o proprietário Luo olhou para o gato preto a seus pés e se agachou para tocar pescoço do gato e brincar com ele. Depois, ele abriu um saquinho de biscoitos de leite, pegou um e colocou no chão.
Ele acariciou o pelo do gatinho, observando em silêncio a luz da oficina.
Como Mo Xiaofei escolheria caminho o seguinte?
O proprietário do clube sentia um senso de familiaridade; como se ele próprio tivesse obtido um poder milagroso.
Pessoas diferentes na mesma situação. Qual seria as suas escolhas?
— Vamos esperar e ver.
Luo Qiu jogou outro pedaço de biscoito e falou em voz baixa enquanto olhava para o gato comendo o biscoito.
— Talvez tenhamos sérios problemas afrente.
Ele se levantou e conversou com o gatinho. — Vá procurar um mestre, não se sabe quando um acidente vai te acontecer.
…
…
Respirando fundo, Mo Xiaofei foi ao hospital.
O homem que saiu de ambulância ontem à noite deve estar neste hospital.
O roubo não é considerado crime capital; mas Mo Xiaofei não achou que a pessoa acabaria assim. Ele se consolou, mas ainda estava meio agitado. Por isso, ele veio hesitante durante o almoço da escola.
— O homem que veio aqui ontem à noite deve estar na UTI… A propósito, você é o que dele?
Ao ouvir a pergunta da enfermeira, Mo Xiaofei falou de repente: — Você deixou cair alguma coisa.
A enfermeira se surpreendeu e olhou para baixo para ver o que era. Bem naquele momento, o copo no balcão caiu e quebrou, fazendo a enfermeira gritar. Quando ela olhou para trás, Mo Xiaofei já não estava mais lá.
No corredor.
Duas enfermeiras empurravam um carrinho, enquanto conversavam sobre algo relacionado aos pacientes.
— É muito trágico, o pai dela caiu logo assim que a mãe estava esperando a cirurgia para salvar a vida dela.
— Infelizmente, ouvi dizer que ele roubou porque não conseguiu juntar dinheiro suficiente para a cirurgia… Quem teria pensado nisso.
— A garota é muito forte, mesmo sendo tão azarada…
Ao olhar para o quarto, o corpo de Mo Xiaofei tremeu de leve… pela primeira vez ele viu com clareza o que costumava ser indistinto.
E também foi a primeira vez que ele não conseguiu sentir a força que costumava ser mostrada por ela.
Havia uma garota pálida sentada na cama. Seus olhos ficaram vermelhos, mas nenhuma lágrima caiu. Enquanto a olhava, Mo Xiaofei recuou, um passo, dois passos…
Até bater em um banco no corredor e a força deixou seu corpo, o fazendo despencar nele. Ele sentiu seu corpo tremer e não conseguia respirar.
Seu corpo parecia ter sido esvaziado.
— Luo Xin… Por que… é você…
Mo Xiaofei agarrou com firmeza seu próprio cabelo. Ele viu mais uma vez o vermelho vivo e sentiu como se estivesse sendo arrastado para um vórtice… A oficina e a fábrica abandonada, o beco da noite passada e os ‘prisioneiros’ pendurados na ‘prisão’.
Ele abaixou a cabeça e viu uma gota de sangue escorrendo pelo chão.
Gota a gota.
Vinha do nariz dele. Mo Xiaofei tocou e limpou… Suas mãos estavam manchadas de sangue.
‘Um pecador violentará a sua própria alma… É tudo culpa sua.’
‘É muito trágico, a mãe estava esperando a cirurgia para salvar a vida dela…’
‘Deixe-me ir, por favor… por favor, eu não vou fazer de novo. Não bata, não me bata…
‘É muito trágico…’
‘Um pecador violentará a sua própria alma… É tudo culpa sua.’
‘É muito trágico…’
‘Um pecador violentará a sua própria alma… É tudo culpa sua…’
‘Um pecador violentará a sua própria alma… É tudo culpa sua…’
‘É muito trágico…’
…
Ele sentiu um frio de gelar a espinha, confusão e… medo.
(9/Mas era pra ser 10 né)
11 semana que vem.